Acessos

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Zaia Brandão e Luis Carlos de Menezes debatem Educação


Hoje, 23/12/2010, o Jornal das Dez da Globo News, promoveu um debate sobre os desafios da Educação no governo Dilma. Considerei um presente de Natal o excelente debate nos quais os convidados foram a Zaia Brandão e o Luis Carlos de Menezes.

Faço uma tentativa de transcrever os principais apontamentos realizados pelos debatedores, mesmo sabendo do risco de ter ouvido e/ou interpretado de forma equivocada. Os títulos são por minha conta, objetivando destacar aspectos mais importantes do que foi dito.

ZAIA BRANDÃO:


Alfabetização como processo contínuo


O processo de alfabetização é contínuo, não termina no terceiro ano. Houve a inclusão de muita gente que era excluída, mas que chega na oitava série sem dominar a linguagem.

A carreira docente precisa ser atrativa


Um dos desafios é tornar a carreira docente atrativa para aqueles que obtiveram uma boa escolaridade. Muitos alunos que vão para os cursos de pedagogia vão por exclusão. Além disto, depois de ter acesso à faculdade, alguns tentam uma transferência interna. Enquanto a gente não tiver na docência uma carreira atraente, será impossível pensar em qualidade na Educação brasileira.

Necessidades a serem atendidas


Nós precisamos de professores melhores qualificados. Falta sim infraestrutura, falta a possibilidade de trabalho de equipe, porque isto produz qualidade. Nós precisamos focar naquilo que é essencial, que são as linguagens: o domínio da língua portuguesa, da matemática, das artes. Eu tenho uma perspectiva que o problema principal não é a falta de recursos. O problema maior é a aplicação dos recursos.

Foco no ensino fundamental


Continuo a enfatizar que falta professores mais qualificados (significa aqueles professores que tiveram um bom ensino fundamental). Não adianta alçar o professor para o ensino superior se o que ele teve na base foi precário. A gente tem de recuperar no professor até mesmo o domínio da escrita. Enquanto a gente não investir no alicerce da educação que é o ensino fundamental, a gente não vai resolver o problema.

Depois de tanto tempo na educação e fazendo pesquisa, eu estou um pouco cansada de ouvir de falar de metas e elas não serem alcançadas. Há muito tempo já se sabe que é preciso investir na formação do professor. Isto já se falava há trinta anos. Os professores nossos estão profundamente desmotivados, porque as escolas não têm infraestrutura, não têm supervisão.

O que eu queria é mais foco na Educação fundamental.



LUIS CARLOS DE MENEZES:


Levar professores mais qualificados para o ensino fundamental


É preciso fixar o professor mais qualificado no ensino fundamental para que ele não migre para outras áreas. Houve uma ampliação das universidades públicas, mas é preciso valorizar a formação docente. É preciso o reforço nas licenciaturas.

Professor não é “dador” de aulas, nem taxista


A escola tem de ser um ambiente de cultura. O professor não pode ser um dador de aulas. Ele não pode ser como um taxista que vai de uma escola a outra. Ele precisa vivenciar o projeto pedagógico da escola. Só se vai fixar esta qualidade na escola se o professor tiver uma carreira na escola.

Falta articulação


As secretarias de ensino superior e ensino básico precisam se articular, para formar uma política em conjunto para dar um salto de qualidade. Alguns gargalos são mais reconhecíveis: por exemplo, quando eu falo que o ensino médio enfrenta uma crise de identidade, é porque tem um mosaico de disciplinas que nem o aluno sabe porque estuda nem o professor sabe porque ensina determinado conteúdo.

Não há como ser formador sem formação


Não podemos ter um formador de cultura, que é o professor, sem vida cultural. O professor sem vivência das ciências não tem condições de ensinar ciências. Ele não vai passar um tempo na faculdade, em sua formação e depois passar a vida inteira apenas entregando o que ele aprendeu. Hoje temos alunos na oitava série com conhecimentos que seriam desejados na quarta série. O domínio de linguagens tem a ver com essa vivência cultural mais ampla.

Esperança de melhor qualidade na Educação


Eu acho que a gente vai fazer um salto de qualidade, porque a educação virou notícia. Ela há muito tempo não foi notícia nem programa de governo. Além disto, a tradição de avaliação criada na última década não existia anteriormente.

A modernização da economia brasileira está mostrando que uma pessoa sem formação escolar está excluída. A modernização impõe para quem quer ter melhores condições de vida, uma Educação.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Blogs excelentes que discutem educação, tecnologia e cultura


O Simão Pedro P. Marinho, professor do Programa de Pós-Graduação (Mestrado) da PUC Minas tem um excelente blog, intitulado Tecnologias Digitais e Educação.
Outro blog também excelente intitula-se Educação, mídia e cultura, da professora Mônica Fantin, do Programa de Pós-Graduação (Mestrado e Doutorado) da UFSC.
Vale conferir!

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

QUATRO Categorias teóricas para alicerçar o processo de conhecer e pesquisar na Pós-Graduação

No VII Colóquio Nacional de Pesquisa em Educação (obs.: o link não funciona se o browser for o Mozilla) que aconteceu em 30/09 e 01/10/2010 na PUC Minas, em Belo Horizonte, o Antônio Joaquim Severino proferiu uma brilhante palestra na qual, entre outros assuntos, apresentou as QUATRO Categorias teóricas para alicerçar o processo de conhecer e pesquisar na Pós-Graduação.

1) LEGITIMIDADE:
-  Compromisso da pesquisa com a relevância social.
-  Dar às pessoas condições de emancipação.
-  Transformação qualitativa da sociedade.
2) CONSTRUTIVIDADE DO CONHECIMENTO:
-  O professor precisa pesquisar para bem ensinar.
-  O aluno precisa de prática investigativa para bem aprender.

"Só se aprende ciência praticando a ciência; só se pratica a ciência, praticando a pesquisa e só se pratica a pesquisa, trabalhando o conhecimento a partir das fontes apropriadas a cada tipo de objeto." (SEVERINO, 2010, p.4).

3) METODICIDADE
-  Fundamentação teórica, reflexão, levantamento de dados.
-Contar com docentes que sejam ao mesmo tempo docentes e pesquisadores.
 



 
 
 
 
 

"Não basta fornecer-lhe [ao aluno] certo domínio de técnicas de pesquisa, é preciso toda uma imersão num universo teórico e conceitual, onde se encontrem as coordenadas epistemológicas, políticas e antropológicas de toda discussão relevante e crítica da área."(SEVERINO, 2010, p.4)

4) COMUNIDADE
-  Dimensão coletiva do conhecimento.
-  Inserção em comunidades de pesquisa.

REFERÊNCIAS
SEVERINO, Antônio Joaquim. Pesquisa e construção de conhecimento: os desafios da pós-graduação nas encruzilhadas dos caminhos.... In: : COLÓQUIO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO, 7., 2010, Belo Horizonte. Anais do VII Colóquio Nacional de Pesquisa em Educação. São João Del Rei, MG: Editora UFSJ, 2010. ISBN 978-85-88414-60-0.

Agradecimentos - 1.000 acessos

Gostaria de agradecer imensamente a todos que estão lendo meu Blog.
Acabo de completar 1.000 acessos. Para o "mundo da internet" pode não parecer muito, mas para mim é uma grande satisfação, pois, mais do que estatística, este número representa pessoas que dedicam parte do seu tempo lendo o que escrevo.

Continuarei com meu foco: escrever sobre Educação, ou sobre a falta dela nas escolas. E, na medida do possível, tratarei do tema que mais gosto: o uso de tecnologias digitais na Educação.

Aproveito para convidar a todos para participar: critiquem, elogiem, comentem. Aliás, aguardo sugestões para a série que estou escrevendo neste Blog intitulada "Glossário da Educação ou Escola Hipócrita", que tem o objetivo de mostrar como algumas escolas, numa postura hipócrita, criam nomes novos para velhos hábitos.


Obrigado aos leitores e aos seguidores deste Blog.

sábado, 11 de dezembro de 2010

GLOSSÁRIO DA EDUCAÇÃO ou ESCOLA HIPÓCRITA III

Continuando a série, mais um termo. Desta vez, quero falar da palavra da “moda”: FLEXIBILIDADE.
Ser flexível, sobretudo nas avaliações, tem sido um termo usado por algumas escolas ao solicitar para seus docentes que “peguem leve” nas avaliações.
O que tenho visto, em depoimentos de colegas docentes é o seguinte: a flexibilidade, muitas vezes solicitada a eles, é para que sejam totalmente permissíveis, ou seja, QUALQUER COISA SERVE.
Em um depoimento de uma colega, que corrige provas de redação, ela me disse da angústia de ter que ser flexível e, com isto, boa parte das redações que, se forem corrigidas ao pé da letra, teriam nota zero, acabam por ser aprovadas.
Eu sou de uma época em que o aluno cometia um erro mínimo em uma avaliação e era duramente penalizado. Claro que nunca concordei com isto e meus alunos (ex-alunos e atuais) sabem do respeito que tenho pelos discentes. Entretanto, estamos vivendo um tempo em que tudo é permitido, o tempo do “QUALQUER COISA SERVE”: seja em uma prova de redação, de matemática, de outra matéria qualquer, ou mesmo em uma dissertação de conclusão de curso de qualquer grau.
É por esta e por outras que estão trocando soro por vaselina em hospitais e pacientes estão morrendo.
Hipocrisia pura!

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Tecnologia digital para estimulação visual

Os alunos do Curso Superior de Tecnologia em Automação Industrial da Faculdade de Tecnologia SENAI/SC em Florianópolis estão desenvolvendo um programa para estimular a visão das pessoas que possuem baixa visão.
O projeto é uma parceria do SENAI/SC em Florianópolis com Associação Catarinense de Integração ao Cego (ACIC) e coordenado por Ana Cristina Cravo, assistente social do SENAI.
Um reportagem da TV local mostra o projeto. Clique aqui para ver a reportagem.
Vale a pena ver.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

3o. Simpósio Hipertextos - Parte 4 - O trabalho que mais gostei

Tive a oportunidade de ver vários trabalhos no Simpósio. Alguns excelentes e outros nem tanto.
Certamente o que mais gostei foi o trabalho da professora Anelilde Lima (UFPE) que criou uma comunidade no Orkut intitulada “Penso logo escrevo”.
Vários trabalhos no evento tinham como temática o uso do Orkut nas práticas pedagógicas. O trabalho da professora Anelilde se destaca pelo fato de que ela sabe em que chão está pisando. Ela está fazendo uma análise da argumentação usada no ambiente virtual e comparando com que é realizado em sala de aula.
O detalhe é que ela está fazendo um trabalho com um profundo embasamento teórico e conhecimento de causa.
Parabéns, professora Anelilde.

domingo, 5 de dezembro de 2010

GLOSSÁRIO DA EDUCAÇÃO ou ESCOLA HIPÓCRITA II

Continuando a série, mais um termo. Desta vez um termo para substituir a palavra REPROVAÇÃO.
Aqui em Florianópolis, vejo os alunos dizerem: rodei.
Em Minas Gerais, meus alunos diziam: reprovei ou levei pau.
O termo usado agora, por algumas escolas hipócritas que não querem usar o termo REPROVAÇÃO, talvez para não denegrir a imagem de quem foi reprovado, é RETENÇÃO.
A hipocrisia está no fato de se inventar novos termos apenas para as palavras que tem sentido negativo. Por que não inventaram então um novo termo para significar APROVAÇÃO?
Hipocrisia pura!

GLOSSÁRIO DA EDUCAÇÃO ou ESCOLA HIPÓCRITA I

Parece-me que está na moda as escolas utilizarem-se de eufemismo para nomear certos processos que nunca mudaram na Educação, desde a época dos jesuítas, a não ser pelo próprio nome.
Escreverei uma série que estou intitulando “Glossário da Educação ou Escola Hipócrita” para trazer alguns destes termos. Serei breve nestas postagens, pois percebo que os leitores às vezes não se animam a ler longos discursos.
Hoje, conversando com uma amiga, professora em Belo Horizonte, ela me contou que na escola onde ela trabalha a recuperação agora é chamada de Oficina de Revisão.
Na prática não mudou em nada: é o antigo período de recuperação que, com um eufemismo hipócrita, recebeu o nome de Oficina de Revisão. Isto porque o aluno da escola particular ficaria envergonhado em ir para a escola dizendo “irei assistir minhas aulas de recuperação”. Assim, ele diz: “estou indo para a Oficina de Revisão”.
Muda-se o termo, mas a prática pedagógica continua a mesma.
Hipocrisia pura!

3o. Simpósio Hipertextos - Parte 3 - Tietagem no avião: Foto com Lévy

Para minha sorte, quando estava voando de Recife/PE para Garulhos/SP, no sábado (04/12/10) quem estava no vôo? Nada mais nada menos do que ele - Pierre Lévy.
É claro que não pude perder este momento de tietagem e pedi a ele para tirarmos uma foto.
Eis a foto:

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

3o. Simpósio Hipertextos - Parte 2 - Pierre Lévy - Ciclo do gerenciamento social

O que é o ciclo do gerenciamento social?
Como foi proferido anteriormente, no ciclo de gerenciamento pessoal, você estabelece uma conversa civilizada. Para Lévy, se não for uma conversa civilizada as pessoas não aprendem. Nesta conversação civilizada você está ajudando outras pessoas a aprender e aprendendo com as outras pessoas também.
Enquanto você argumenta do seu ponto de vista, outras pessoas argumentam do ponto de vista delas. Nesta troca, o conhecimento implícito se torna com conhecimento explícito.
As pessoas então colocam este conhecimento explícito em uma memória compartilhada.As pessoas estão trabalhando para compor a memória comum: criando dados, metadados (que são dados sobre dados), plataformas, etc.  Todo mundo está participando da construção desta memória comum.
O conhecimento se torna implícito no corpo, nos hábitos das pessoas. Tudo isto está conspirando para a aprendizagem coletiva, que está criando uma conversação coletiva, civilizada. A regra geral da aprendizagem é que ela é coletiva. Toda aprendizagem é coletiva.
Isto é independente de qualquer plataforma. É um processo coletivo. Mas isto não é tão fácil,  porque nós temos muitas separações que nos impedem de ter uma memória explícita comum. Nós usamos no mundo dados com linguagens diferentes, nós usamos diferentes metadados com semânticas diferentes. É como se numa biblioteca nós tivéssemos 10.000 sistemas diferentes de catalogação e todos incompatíveis. Esta é a bagunça da internet.
Como a gente pode alcançar realmente um gerenciamento do conhecimento social efetivo? Qual seria a plataforma do futuro? Esta é a forma Lévy vê a mídia digital.A internet tornou-se potencialmente a nova mídia.
Nós ainda temos problemas: a inteligência coletiva ainda não é tão eficiente quanto ela possa ser. Para Lévy a mídia digital ainda não foi totalmente alcançada, pois é tudo um processo evolutivo. Isto não deve parar.
Se nós construirmos juntos essa nova camada, a inteligência coletiva será muito mais poderosa do que ela é agora. Eu acho que nesta nova camada os endereços serão chamados de localizadores semânticos uniformes. Na internet o endereçador é a URL. Mas o que é preciso endereçar são os processos.
Parece quase impossível. Mas se nós formos capazes de endereçar de modo preciso um novo conceito que a gente crie e se formos capazes de unir dois conceitos diferentes, ou  a interseção, medir a distância semântica, ou se criarmos um tipo de geometria que descreva constelações, se gerarmos circuitos semânticos, onde possamos injetar uma espécie de corrente semântica, vamos criar uma mente global.
O cérebro global já existe. Isto é uma coisa material. O que não temos é um sistema de símbolos unificados. Vai ser muito mais poderoso do que a linguagem natural. Como uma matemática que descreva operações semânticas, operações da mente.
O objetivo é aumentar essa inteligência coletiva humana pelo uso da mídia digital. Pelo uso cuidadoso e bem pensado da mídia digital.

3o. Simpósio Hipertextos e Tecnologias na Educação - Parte 1 - Pierre Lévy - Ciclo do gerenciamento pessoal

02 de dezembro de 2010 – Recife – Pernambuco (Universidade Federal de Pernambuco).
Após um longo dia de palestras, finalmente chegou o momento auge do 3º. Simpósio Hipertextos e Tecnologias na Educação: a abertura oficial com a palestra do Pierre Lévy. A palestra começou já eram 18 horas, mas valeu a pena esperar. Abaixo transcrevo o que pude entender.
Lévy começou dizendo que todo mundo pode estar conectado: seja no Orkut, no Facebook, nos Wikis, etc. Estamos diante de um enorme fluxo de informação e não temos certeza do que podemos fazer com este mar de informação.
O primeiro objetivo é aprender a ter atitudes responsáveis frente a esse fluxo de informação que nos chega. É uma situação nova porque antes deste estado atual, antes da mídia digital, havia alguém ou algo (escolas, igreja, etc) que gerenciava a informação: criava e enviava para nós e nos dizia - ”essa é a verdade, você pode acreditar nisto”. Assim, nós construíamos nosso conhecimento a partir destas bases.
No passado havia muito menos do que hoje esse problema de responsabilidade de aprender a escolher que informação seria boa para nós. Eu chamo isso – disse o Lévy - de gerenciamento e conhecimento pessoal.
O primeiro passo é atenção ao gerenciamento: você tem que definir seus interesses, definir suas prioridades, você precisa descrever para você mesmo qual a sua área de conhecimento e o que é que você quer aprender.
Isto deve ser feito explicitamente. Se você não sabe o que quer aprender, não vai para lugar nenhum. Uma vez definido, você tem de focar, porque o ambiente é muito distrativo: informações de tudo quanto é lugar.
Você tem de confiar em suas próprias escolhas e manter seu trabalho dentro do que são suas prioridades, focalizado. É claro que você não tem que focar somente: é preciso abrir a cabeça para entender o contexto, entender o movimento do mundo que está em volta de cada um de nós, entender as diversas culturas.
O segundo passo, baseado no primeiro é conexão às fontes valiosas. Lévy afirma que estava falando de fontes e não de plataformas, que são coisas distintas. As fontes são as pessoas, as instituições. Estas fontes podem se expressar onde e em qual plataforma quiserem.
Em quais instituições confiar, cada um deve decidir. Não há nada de fora, nenhuma autoridade maior que diga para você, isso é bom, isso é ruim, isso é falso. Você tem de aprender a sentir, a reconhecer, a perceber o que é relevante ou não para você.
O terceiro passo é juntar todo o fluxo de informação vindo das fontes escolhidas. Note: AS FONTES QUE VOCÊ ESCOLHEU. Aí então você deve filtrar. De certa forma você já filtrou quando fez as escolhas das fontes, mas tem de filtrar novamente. Essa noção de filtragem é muito importante.
O próximo passo é a categorização. Se você não categoriza, você não vai se lembrar dela. A memória está baseada na categorização. E você categoriza não somente para você, mas também para outras pessoas.
O que já foi trabalho de especialistas, como bibliotecários ou outros especialistas em documentação, como categorizar os documentos, agora depende de você. Essa situação é que Lévy chama de inteligência coletiva. Uma vez que você categoriza, você deve gravar novamente a informação.
E então esta informação é publicada novamente nas plataformas para acesso a todos. Você então participa da organização desta grande memória para um enorme grupo de pessoas. E você participa da organização de memória para um grupo que está usando a plataforma assim como você.
Uma vez que você fez este trabalho, você pode sintetizar. Você pode postar em blogs, pode melhorar um artigo da wiki, etc. Isto porque você aprende quando você faz uma síntese para você com suas palavras.
Ao mesmo tempo em que você está fazendo uma síntese para você e disponibilizando em uma plataforma, você está fazendo para outras pessoas também.
Assim você está entrando numa conversa. Uma conversa que Lévy chama de conversa civilizada. Você posta/publica, as pessoas respondem, você responde às pessoas, e assim forma-se um ciclo. Vocês criam um diálogo.
Interessante: aqui na universidade quem dá o feedback é o professor. Mas na mídia quem dá este feedback é o mundo real.
Aí voltamos ao primeiro passo: “ah! Minhas prioridades são relevantes, eu defini os interesses corretamente, escolhi boas fontes, há outras boas também, eu cancelei outras, algumas subscrições que fiz eu modifiquei, eu as defini como processos que eram importantes para seguir em frente”.
Isto é o ciclo do gerenciamento pessoal.
A inteligência coletiva emerge da interação das pessoas, mas da aprendizagem pessoal, pois a base é pessoal. Aí você tem Inteligência Coletiva.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Os dez mandamentos do professor do século XXI

Resgatando alguns materiais que produzi no mestrado em Educação da PUC Minas, me deparei com uma produção que foi resultado do desafio que meu orientador, Simão Pedro P. Marinho, fez aos alunos. Tratava-se de criar os 10 mandamentos do professor do século XXI.
Gostaria de compartilhar com todos a criação que fiz na época.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Resumo de TCC é calo no pé de formandos e avaliadores

O resumo de Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), em qualquer nível (graduação, pós-graduação lato sensu ou stricto sensu) ainda é um calo no pé dos alunos e avaliadores.
Isto porque, embora a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2003) tenha publicado a norma NBR 6028 que trata de resumo, muita gente ainda não presta atenção em alguns detalhes da norma que, embora possam parecer meio "chatos", são fundamentais.
Eis alguns deles, que nem todos observam:
a) Resumo de TCC deve ter de 150 a 500 palavras.
b) As palavras-chave devem vir separadas por ponto.
c) O resumo precisa dizer qual o objetivo, descrever a metodologia, os resultados e conclusão do trabalho.


Prestando atenção nestes detalhes principais, não há como errar.

Referências

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS . NBR 6028 – Informação e documentação – Resumo – Apresentação. Rio de Janeiro, 2003.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA EM TCC DE PÓS-GRADUAÇÃO: pressupostos epistemológicos e sua imprescindibilidade


RESUMO

Este artigo utiliza uma revisão bibliográfica de publicações acerca do tema técnicas de pesquisa para elencar os pressupostos epistemológicos da fundamentação teórica, bem como afirmar sua imprescindibilidade, sobretudo em Trabalhos de Conclusão de Curso (TCC) em nível de pós-graduação. Para tal, buscou-se conceituar TCC, sua obrigatoriedade em âmbito legal e, a partir daí, procurou-se sustentar a imprescindibilidade da fundamentação teórica em pesquisa científica neste tipo de trabalho acadêmico. A dicotomia teoria/prática é apresentada como forma de estabelecer uma relação entre ambas e, neste aspecto, faz-se uma crítica ao empirismo. Com base nisto, conclui-se que os dados empíricos não falam por si só e que é necessário estabelecer uma relação clara da pesquisa de campo com as bases teóricas que a sustentam.
Palavras-chave: Trabalho de conclusão de curso. Fundamentação teórica. Pós-graduaçao.

1 INTRODUÇÃO

A resolução número 01/2007 do Conselho Nacional de Educação (2007) estabelece, em seu artigo sétimo, que os certificados dos cursos de pós-graduação devem conter o título da monografia ou do trabalho de conclusão de curso. No caso dos cursos de pós-graduação a distância, estes devem possuir provas presenciais e uma monografia ou trabalho de conclusão de curso.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (2010) estabelece, no Manual de TCC, que:

O TCC (Trabalho de Conclusão de Curso) é o documento que representa o resultado de estudo, devendo constituir a culminância do processo de aprendizagem desenvolvido pelo estudante, através de sínteses pessoais aplicativas, elaboradas com base nas reflexões realizadas e nos insumos adquiridos no estudo das diferentes Unidades Curriculares do Curso. (SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM INDUSTRIAL, 2010, p.3).

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA EM PESQUISA CIENTÍFICA

Reconhece ainda o referido manual que o trabalho deve estar em conformidade com as características de uma pesquisa científica. Severino (2002, p. 149) diz que este tipo de pesquisa “deve superar necessariamente o simples levantamento de fatos e coleção de dados, buscando articulá-los no nível de uma interpretação teórica [grifo nosso]”. Segundo o autor, não se faz ciência sem esforço, perseverança e obstinação e o trabalho deve ser original, no sentido de voltar às origens, o que requer rigor e criatividade, não havendo lugar para espontaneísmo e mediocridade.
Severino (2002, p.143) afirma que o objetivo da pós-graduação é “a pesquisa rigorosa nas várias áreas do saber, desenvolvendo a fundamentação teórica [grifo nosso], a reflexão, o levantamento rigoroso de dados empíricos”.  Ainda nesta linha de pensamento Brandão (2002, p.16), quando traz sua visão sobre a qualidade de uma boa pós-graduação afirma:  “o principal suporte da PG é uma carga bastante intensa de leitura e discussão sobre as referências básicas da área (o equivalente a paradigmas kuhnianos) e o conhecimento dos seus desdobramentos sobre a produção da área”.
Flick (2009, p. 61), quando traz à tona a questão da utilização da literatura na pesquisa qualitativa, critica que em muitos livros acadêmicos “algumas vezes encontra-se a ideia de que a pesquisa qualitativa não precisa partir de uma revisão da literatura ou que deva até mesmo evitar essa etapa no início”. Entretanto, o autor afirma que é importante não apenas fazer uma boa revisão de literatura, como sugere diversos tipos de literatura que devem abranger: a leitura teórica sobre o tema, uma leitura empírica de pesquisas já realizadas, uma leitura metodológica e também uma leitura teórica e empírica que servirá para contextualizar, comparar ou mesmo generalizar descobertas. Para Moreira e Caleffe (2008, p.27) “uma boa revisão de literatura ajuda o professor/pesquisador a contextualizar seu problema de pesquisa em um modelo teórico mais amplo”. Estes autores, a exemplo de Flick (2009) também fazem uma classificação dos tipos de revisão. O que fica evidente na visão de todos eles é a importância de uma boa fundamentação teórica, sobretudo porque é ela que dá sustentação para as análises resultantes da pesquisa empírica.
Brandão (2002, p.72) traz esta questão da importância da fundamentação teórica de uma forma esquemática:

novos problemas à volta aos clássicos à releituras à luz das questões levantadas à enfrentamento das questões à avanços à outros problemas... clássicos à novas leituras à novos avanços... Este processo de fazer pesquisa [...] permite a familiarização com a linguagem, a lógica e a dinâmica geradas pelo processo de produção de conhecimento.

CRÍTICAS AO EMPIRISMO

O processo de produção de conhecimento não se dá somente na teoria, mas também não acontece somente com base em dados empíricos. Neste sentido, concordando com Demo (2009), uma pesquisa empírica não precisa ser empirista. Martins e Theóphilo (2009) definem o  empirismo como uma linha de pensamento filosófico segundo a qual a ciência explica apenas aquilo que pode ser observado na realidade, pois a ciência é vista aí como uma descrição dos fatos. Para os empiristas o fato existe mesmo que não haja atribuição de valor ou de algum posicionamento teórico.
Ainda sobre o empirismo, Demo (1995, p.140) afirma: “Cremos que o empirismo seja a abordagem mais simplória que já se produziu”. O autor utiliza conclui que este tipo de abordagem conduz ao que ele intitula uma demissão teórica que significa “negar trabalho teórico na constatação empírica, como se o dado fosse evidente em si. Toda sensação de evidência não provém, porém, do dado, mas do quadro teórico em que é colhido”. (DEMO, 1995, p.141).

RELAÇÃO TEORIA-PRÁTICA

A construção de um trabalho de pesquisa científica e a elaboração do seu relato (monografia) deve levar em conta estes aspectos apontados, principalmente com uma boa relação da teoria e prática, os processos pelas quais a prática deriva de uma teoria ou mesmo quando, a partir de uma prática, elabora-se um constructo teórico. Os fenômenos que acontecem na realidade não são explicavéis sem uma boa base teórica para tal. Sem uma explanação clara do quadro teórico que tenha servido de base para o trabalho, não há como estabelecer critérios de validade, confiabilidade ou mesmo causalidade. Os conceitos, as definições, as constatações de uma pesquisa científica necessitam de bases teóricas que sejam capazes não apenas de dar sustentação, mas também de demonstrar como estas constatações foram objetivadas. Martins e Theóphilo (2009) sustentam que, para defender uma tese, faz-se necessário a formulação/utilização de conceitos, definições e constructos. Cabe ressaltar que o termo tese aqui usado pelos autores não coincide com o doutoramente, mas sim um significado mais amplo de uma proposição formulada para ser defendida em público.
Um conceito é uma palavra que expressa a abstração de um fenômeno ou objeto. Entretanto, “embora o conceito seja normalmente indicado por um nome, ele não é o nome” (MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p.33). Portanto, a noção de conceito praticamente confunde-se com a noção de significado. Como o significado depende não apenas de interpretação, mas de como ele foi elaborado, um objeto ou fenômeno pode ter significados diferentes conforme visões diferentes de mundo são aplicadas ao objeto. Dito de outra forma, quais teorias lhe serviram de base.
Uma definição “consiste em determinar a extensão e a compreensão de um objeto ou abstração” (MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p.34). Já o constructo é “uma definição operacional robusta que busca representar empiricamente um conceito dentro de um específico quadro teórico”. (MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p.35).
Portanto, sem um quadro teórico bem delimitado, devidamente fundamentado, o uso de conceitos, definições e constructos no relato de uma pesquisa corre o risco de tornar-se vazia, sem sentido ou sem sustentação.
A teoria poderia ser entendida a partir da figura 1, elaborada com base nas considerações de Martins e Theóphilo (2009).


Figura 1: Significados de Teoria
Fonte: elaborado pelo autor, com base em Martins e Theóphilo (2009)

A relação teoria-prática, tomando como base os mesmos autores, poderia ser esquematicamente representada conforme a figura 2.
Figura 2: relação Teoria-prática

sábado, 13 de novembro de 2010

Erros comuns na elaboração de TCC

Nas últimas duas semanas avaliei 11 trabalhos de conclusão de curso de Pós-Graduação em uma das faculdades onde leciono, no quesito adequação às normas da ABNT para elaboração de trabalhos acadêmicos. Após a avaliação, resolvi enumerar alguns aspectos importantes que devem ser observados e que foram erros recorrentes nos trabalhos avaliados.

1 – Em relação à norma NBR 14724 (Apresentação de trabalhos acadêmicos)

a) As seções primárias devem iniciar em nova página.

b) Entre os títulos de seções (sejam primárias, secundárias, etc) e o texto que precede ou sucede deve haver 2 (dois) espaços entrelinhas de 1,5.

c) Os títulos de seções que não recebem indicativo numérico (agradecimentos, lista de ilustrações, lista de abreviaturas e siglas, resumos, sumário, referências, apêndices e anexos) devem ser centralizados.

d) Paginação: o número de página deve figurar somente a partir dos elementos textuais, que geralmente é o capítulo de INTRODUÇÃO. Além disto, a capa não é contada, ou seja, conta-se a partir da folha de rosto, mas numera-se a partir do texto.

e) Entre o número da seção e seu título só pode haver espaço de um caracter,sem ponto. (De forma errada muitos escrevem 1. INTRODUÇÃO).

f) O espacejamento entrelinhas é de 1,5 no corpo do texto e o alinhamento deve ser justificado.

2 – Em relação à norma NBR 10520 (Citações diretas e indiretas)

a) Quando o autor está fora de parêntesis, independente de ser citação direta ou indireta, usa-se minúsculo. Somente é usado maiúsculo entre parêntesis.

b) A cópia de texto de um autor com a substituição de alguns vocábulos, ainda que seja citada a fonte, é considerada, segundo Medeiros (2009)[1], uma paráfrase de grau zero ou plágio e, portanto, deve ser evitada.

c) A citação direta de dois autores deve ser separada por ponto e vírgula. (Tenho visto grafado erroneamente com e entre os autores).

· Forma incorreta: (MARTINS E THEÓPHILO, 2009, p.43).

· Forma correta: (MARTINS; THEÓPHILO, 2009, p.43).

3 – Em relação à norma NBR 6023 (Referências bibliográficas)

a) A palavra Referências deve ser centralizada e não possui indicativo numérico.

b) A lista de referências deve ser alinhada à esquerda. (muita gente tem colocado de forma justificada).

c) Cada documento referenciado deve ter espacejamento simples e entre um e outro documento deve haver espaço duplo.

d) A edição deve utilizar somente números arábicos. Exemplo: 2.ed. Tem muita gente ainda escrevendo 2ª. Ed.

e) Quando a obra tem título e subtítulo, somente deve ser grifado o título. Exemplo: Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas.

4 – Em relação à norma NBR 6027 (Sumário)

a) A palavra Sumário deve ser centralizada e deve ter a mesma tipologia usada para as seções primárias.

b) Elementos pré-textuais não devem constar no sumário.

5 – Em relação à norma NBR 6028 (Resumo)

a) O resumo deve ter de 150 a 500 palavras para trabalhos acadêmicos.

b) As palavras-chave devem vir separadas por ponto. (muita gente tem utilizado, de forma errada, o ponto e vírgula).

Meu objetivo aqui não foi dar uma aula das normas, mas dar algumas dicas de elementos das normas que têm sido empregados de forma incorreta nos Trabalhos de Conclusão de Curso que eu tenho avaliado.

Espero ter contribuído e também receber comentários.



[1] MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11.ed. São Paulo: Atlas, 2009.