O que é o ciclo do gerenciamento social?
Como foi proferido anteriormente, no ciclo de gerenciamento pessoal, você estabelece uma conversa civilizada. Para Lévy, se não for uma conversa civilizada as pessoas não aprendem. Nesta conversação civilizada você está ajudando outras pessoas a aprender e aprendendo com as outras pessoas também.
Enquanto você argumenta do seu ponto de vista, outras pessoas argumentam do ponto de vista delas. Nesta troca, o conhecimento implícito se torna com conhecimento explícito.
As pessoas então colocam este conhecimento explícito em uma memória compartilhada.As pessoas estão trabalhando para compor a memória comum: criando dados, metadados (que são dados sobre dados), plataformas, etc. Todo mundo está participando da construção desta memória comum.
O conhecimento se torna implícito no corpo, nos hábitos das pessoas. Tudo isto está conspirando para a aprendizagem coletiva, que está criando uma conversação coletiva, civilizada. A regra geral da aprendizagem é que ela é coletiva. Toda aprendizagem é coletiva.
Isto é independente de qualquer plataforma. É um processo coletivo. Mas isto não é tão fácil, porque nós temos muitas separações que nos impedem de ter uma memória explícita comum. Nós usamos no mundo dados com linguagens diferentes, nós usamos diferentes metadados com semânticas diferentes. É como se numa biblioteca nós tivéssemos 10.000 sistemas diferentes de catalogação e todos incompatíveis. Esta é a bagunça da internet.
Como a gente pode alcançar realmente um gerenciamento do conhecimento social efetivo? Qual seria a plataforma do futuro? Esta é a forma Lévy vê a mídia digital.A internet tornou-se potencialmente a nova mídia.
Nós ainda temos problemas: a inteligência coletiva ainda não é tão eficiente quanto ela possa ser. Para Lévy a mídia digital ainda não foi totalmente alcançada, pois é tudo um processo evolutivo. Isto não deve parar.
Se nós construirmos juntos essa nova camada, a inteligência coletiva será muito mais poderosa do que ela é agora. Eu acho que nesta nova camada os endereços serão chamados de localizadores semânticos uniformes. Na internet o endereçador é a URL. Mas o que é preciso endereçar são os processos.
Parece quase impossível. Mas se nós formos capazes de endereçar de modo preciso um novo conceito que a gente crie e se formos capazes de unir dois conceitos diferentes, ou a interseção, medir a distância semântica, ou se criarmos um tipo de geometria que descreva constelações, se gerarmos circuitos semânticos, onde possamos injetar uma espécie de corrente semântica, vamos criar uma mente global.
O cérebro global já existe. Isto é uma coisa material. O que não temos é um sistema de símbolos unificados. Vai ser muito mais poderoso do que a linguagem natural. Como uma matemática que descreva operações semânticas, operações da mente.
O objetivo é aumentar essa inteligência coletiva humana pelo uso da mídia digital. Pelo uso cuidadoso e bem pensado da mídia digital.
4 comentários:
Venho parabenizar sua iniciativa que sem dúvida esclarece diversos pontos da conferência que possam ter ficado obscuros para alguns presentes.
Sua síntese do texto de Lévy ficou muito boa!
Obrigado, Antônio Carlos.
Excelente post. Olhando de um modo dialético: A idéia de gerenciamento é aplicável ao processo individual de conhecer, quando o sujeito reflete sobre tal processo. Meu temor é que o estabelecimento de uma síntese semântica venha hierarquizar a produção e o fluxo das informações, registrando na transposição determinados sinais e valores aos conteúdos. Um gerenciamento do sistema contradiz a liberdade e a pluralidade necessárias à inteligência. O fluxo não é um fenômeno natural, mas fenômeno social, constructo cultural, produto coletivo, multifacetado, de feitura descentralizada, tridimensional, onde os diferentes resgistros dialogam; Sempre haverá um ponto de contato cultural que antecede o nível semântico da web; Obrigado pela oportunidade de reflxão, vou seguir seu blog.
E-book gratuito investiga como contradições
da Filosofia ganham vida nos super-heróis
O coração dos super-heróis pode funcionar como um espelho por meio do qual o edifício filosófico encara suas fraturas, contradições e vazios: suas crises de identidade.
Esta é a ideia que serve de alicerce para o livro Os “vazios silenciosos” no coração dos super-heróis, de Cláudio Clécio Vidal. Publicado em formato eletrônico (e-book), o primeiro volume da obra investiga super-heróis dos universos norte-americano e japonês, a exemplo dos X-men, dos Novos Titãs e de Saint Seya, história conhecida, no Brasil, como Cavaleiros do Zodíaco.
O livro baseia-se na dissertação de mestrado em comunicação, defendida, em 2006, por Clécio Vidal. Com design gráfico da empresa Pipa Comunicação, pode ser acessado, de forma gratuita, no endereço eletrônico: http://cleciovidal.blogspot.com/
Segundo o autor, a filosofia, tradicionalmente, comunica-se através do discurso oficial, que busca valores como a plena coerência e conclusões de caráter definitivo.
As narrativas de super-herói, encaradas como representações imagéticas de conceitos abstratos – ou alegorias - comportam-se como uma espécie de evangelho apócrifo, contrapondo-se a interpretações canônicas de noções filosóficas. No ponto de vista de Clécio Vidal, os personagens, ao contracenarem, expõem como as “verdades” filosóficas são oscilantes e ambíguas, revelando a trama secreta de sentidos oculta pelo discurso oficial.
Nesta perspectiva, as contradições deixam de ser entendidas como no sense. “As contradições da filosofia encontram, nas narrativas de super-herói, um palco para dialogarem. Desta forma, temos acesso a um mapa de versões alternativas das noções filosóficas”, explica o pesquisador.
Uma das principais inspirações para a reflexão do comunicólogo foi a teoria de Walter Benjamin a respeito do drama barroco alemão, cuja herança, de acordo com Vidal, foi transmitida, em certa medida, para as narrativas de super-herói. Pensadores como Hegel e Michel Foucault são outras referências trabalhadas no livro.
Sobre a relação entre a obra e o livro Super-heróis e a Filosofia, organizado por Matt Morris e Tom Morris, Clécio Vidal explica que, conforme destaca o subtítulo, o livro dos Morris fala sobre como verdade, justiça e o caminho socrático refletem-se na superfície e nos valores dos super-heróis.
Por outro lado, o propósito de Os “vazios silenciosos” é encontrar nos super-heróis um espelho que reflete sobre a dúvida e os descaminhos da filosofia, o que, segundo o pesquisador, é outra maneira de falar sobre a justiça. “Acredito que os dois livros, apesar das diferenças, são igualmente válidos na tarefa de aproximar a filosofia e a mitologia dos super-heróis”, afirma Vidal.
Vídeo de lançamento do e-book: http://www.youtube.com/watch?v=twLPLTXXH8o
Postar um comentário