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sábado, 1 de outubro de 2011

EaD e Novas Tecnologias no Plano Municipal de Educação

(Texto síntese da palestra que ministrei para a Secretaria de Educação de Rio Rufino/SC, no projeto de construção do Plano Municipal de Educação - 2011/2020, em 30/09/2011)
Eli Lopes da Silva
As tecnologias digitais chegaram à escola?

Belloni (2010) realizou em 2006 uma pesquisa com 373 crianças do ensino fundamental e médio, na cidade de Florianópolis e constatou que, embora 73% já tinham utilizado a internet, apenas 20% disseram ter tido o primeiro acesso na escola. “Ao contrário dos países ricos, a instituição escolar [no Brasil] desempenha um papel pífio nesse processo de democratização da internet.” (BELLONI, 2010, p.84).
Em relação aos docentes, Fantin (2010) entrevistou 80 professores em Florianópolis, no ano de 2010 e verificou que 95% deles utilizam computador em suas casas, com acesso à internet, entretanto, 82% disseram que não ter conhecimento para utilização do computador em sala de aula, como recurso auxiliar em suas práticas pedagógicas.
Silva e Abrahão (2010), em uma pesquisa-ação com o uso de Webquest na prática pedagógica, em Florianópolis, também enfatizam a dificuldade de conseguir adesão dos professores no uso de tecnologias digitais na educação. "Os professores são convidados, apresentam inicialmente um interesse grande pelo trabalho que está sendo realizado, entretanto, desistem de criar Webquest e, sendo assim, o apoio fica na maioria das vezes apenas no aspecto moral e não na prática." (SILVA; ABRAHÃO, 2010, p.6).
 A televisão ampliou as possibilidades da comunicação de massa. O tipo de comunicação um para muitos do rádio, passou a ter uma “cara”.
            A internet veio permitir a comunicação muitos para muitos. Com ela:

A lógica comunicativa se inverte: a centralidade das mídias é substituída pela centralidade dos sujeitos. São eles que se tornam protagonistas de um cenário social e cultural caracterizado por uma multiplicação de telas disponíveis (às telas da televisão se acrescentam as telas do computador, celular, palmtop, play station,   I-Pod) e pela navegação de uma a outra dessas telas que são guiadas pelo interesse pessoal e pela necessidade do momento. (FANTIN; RIVOLTELLA, 2010, p.91).

Possibilidades de uso das tecnologias na educação

As tecnologias, sobretudo as digitais, já fazem parte do cotidiano de grande parte dos alunos, mas está longe ainda de serem incorporadas nas práticas pedagógicas dos professores.
Os alunos, além de acessar as redes sociais (Orkut, Facebook, entre outros), já compartilham documentos no Google Docs, criam seus próprios blogs, contribuem com a construção de Wikis, publicam seus vídeos no Youtube, enfim, interagem fora do espaço escolar.
Já não é hora dos professores incorporarem essas tecnologias em suas práticas pedagógicas, com o objetivo de, além de motivar os alunos, oferecer novas meias dos quais eles possam se apropriar no processo de ensino e aprendizagem?
Recursos não faltam e a maioria sem custo: publicação de vídeo no Youtube, escrita colaborativa com o Google Docs, criação de mapas conceituais com o Cmap Tools, criação e uso de Webquest, o Portal do Professor no site do MEC, os blogs e tantas outras possibilidades.
Silva, Souza e Corrêa (2010) afirmam, entretanto, que não se devem utilizar as tecnologias apenas como modismo e que não dá para confundir entusiasmo com aprendizagem.
Investir tempo em aulas criativas e mais participativas, com ou seu o uso de tecnologias, dá trabalho, por outro lado, dá resultados em favor da aprendizagem.
           
Educação a distância

O termo “Educação a distância” figura três vezes no Plano Nacional de Educação (PNE – 2011/2020) em três metas diferentes.
Na meta 10, com previsão de “oferecer, no mínimo, vinte e cinco por cento das matrículas de educação de jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio” (BRASIL, 2010, 12), o termo educação a distância é destaque em uma das estratégias que é a de “fomentar a integração da educação de jovens e adultos com a educação profissional, em cursos planejados, de acordo com as características e especificidades do público da educação de jovens e adultos, inclusive na modalidade de educação a distância.” (BRASIL, 2010, p.12).
Na meta 11, que é “Duplicar as matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a qualidade da oferta”, (BRASIL, 2010, p.13) o termo faz parte da estratégia de número 11.3, que é “Fomentar a expansão da oferta de educação profissional técnica de nível médio na modalidade de educação a distância, com a finalidade de ampliar a oferta e democratizar o acesso à educação profissional pública e gratuita” (BRASIL, 2010, p.13).
Finalmente, o termo é considerado também na meta 14, que trata da elevação do número de matrículas em cursos de pós-graduação stricto sensu, quando uma das estratégias para o alcance desta meta sugere que se usem metodologias da educação a distância, via Universidade Aberta do Brasil. (BRASIL, 2010).
Como pensar estas metas em nível municipal?

REFERÊNCIAS

BELLONI, Maria Luiza. Crianças e mídias no Brasil: Cenários de mudança. Campinas, SP: Papirus, 2010.


BRASIL. Projeto de lei 8035/2010. Brasília: Câmara dos Deputados, 2010. Disponível em: .Acesso em: 07 ago. 2011.


FANTIN, Mônica. Um olhar sobre os consumos culturais e os usos das mídias na prática docente. In: ENCONTRO DE PESQUISA E EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL – ANPED SUL, 8., 2010, Londrina. Anais do VIII Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sul. Londrina, PR: Universidade Estadual de Londrina, 2010. (CDROM).ISSN 2178-0374


FANTIN, Monica; RIVOLTELLA, Pier Cesare. Crianças na era digital: desafios da comunicação e da educação. REU, Sorocaba, SP, v. 36, n. 1, p. 89-104, jun. 2010.


SILVA, Eli Lopes da; ABRAHÃO, Alessandro de Matos. Webquest e prática pedagógica: construção e uso de uma ferramenta para publicação. In: Anais do V Congresso Nacional de Ambientes Hipermídia para Aprendizagem (CONAHPA). Pelotas, RS: Universidade Católica de Pelotas, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade Federal de Pelotas, 2010. (CDROM). ISBN 978.85.60522.620.


SILVA, Eli Lopes da; SOUZA, Diney Domingos de; CORRÊA, Alexandre Bastos. Construção, uso e avaliação de uma plataforma para Webquest baseada no Joomla: pesquisa-ação na Faculdade de Tecnologia Senai Florianópolis. In: COLÓQUIO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO, 7., 2000, Belo Horizonte. Anais do VII Colóquio Nacional de Pesquisa em Educação. São João Del Rei, MG: Editora UFSJ, 2010. ISBN 978-85-88414-60-0.

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Entre o Não Ainda e o Já Passou: 20 anos de internet na educação brasileira.


Palestra de Abertura do “VI Encontro Nacional de Hipertexto e Tecnologias Educacionais”, na Universidade de Sorocaba (UNISO), em 26 de setembro de 2011.
Palestrante: Professora Dra. Vera Lúcia Menezes de Oliveira e Paiva (UFMG)

Transcrevo abaixo dados da palestra, que acabei de assistir, o que não significa que concordo com tudo que ouvi nesta palestra.

A palestrante começou sua palestra com dados da internet no Brasil:
Em 1991 a RNP interligou 11 capitais com conexões dedicadas à velocidade de 9.600 a 64.000 bps. Em 1996 houve o grande “boom” da rede no Brasil, ela começa a ser comercial.
Em 2001 o Brasil tinha cerca de 6 milhões de usuários e em 2011 o Brasil passou a ter 73,9 milhões de usuários, sendo 52,8 milhões de domicílios com acesso.
O primeiro E-book, de Stephen King, em 2000, obteve mais de 400 mil downloads em 24 horas. Em 2010 surgiu o iPad.
Qual o uso do computador na educação, hoje?
Para responder a esta pergunta, elaborada pela própria palestrante, ela mostrou dados de uma pesquisa do Cetic.br  (http://www.cetic.br/educacao/2010).
A pesquisa obteve como amostra 497 escolas públicas municipais e estaduais.Foram 1541 professores de português e matemática. 4987 alunos do 5º. Ano do ensino fundamental até 2º. ano do ensino médio. Em 87% das escolas pesquisadas o acesso é por banda larga. Já 90% dos professores possuem computador em casa e 54% dos alunos. 81% das escolas pesquisadas possuem laboratório de informática. “O número de computadores é a principal barreira para o uso das TICs na escola”, pelos dados da pesquisa. A principal atividade que o professor exerce na sala é ensinar o aluno a acessar a internet.
Em uma pesquisa realizada pela professora Vera Paiva com seu grupo de trabalho, um dos apontamentos foi que, em relação às expectativas da internet no futuro: “Gostaria que a internet me desse mais tempo para fazer coisas fora dela do que dentro dela”.
Falando das tecnologias ultrapassadas, a professora destacou: gravador, telefone de disco, toca-fitas, disquete, fita K-7.
O que vai chegar?
Para a professora Vera, a distribuição de tablets para as escolas pelo MEC é uma delas. Outra seria o melhor uso do portal do professor e portal do domínio público.Algumas tecnologias nem chegaram para o professor, mas já passaram.
O que não temos ainda?
- Liberdade (exemplo disto é o Google proibido na China).
- Banda Larga efetivamente.
- Baterias de longa duração.
- Equipamentos sem fio.
- Controle de spam confiável.