Ler um livro é como ouvir uma música: se aquilo que lemos
não nos afeta, paramos a leitura, assim como desligamos o som se a música não
nos soa bem. Sem a afetividade não é possível ler nem ouvir. Poderíamos dizer
então que uma boa leitura ou uma boa audição pressupõe emoção.
Talvez assim devêssemos olhar para a Educação. Ela é para
ser sentida tanto quanto pensada. Por isto a Educação se aproxima muito mais da
arte que da ciência. Até mesmo porque a Educação critica o próprio conceito do
que é ciência e do que pode ser considerado científico.
Quem pensa Educação e define diretrizes para quem executa, bem
que podia fazer com a humildade de um artista que cria uma obra para ser
pensada e sentida. Claro que a formalização de processos é necessária e sua normalização
também deve ser pensada para que a execução não se dê de forma anárquica.
Se, junto ao pensamento, essas pessoas sentirem a Educação, a
presença dos conceitos estará lá, na cabeça e no coração. Não será então
necessário recorrer sempre a manuais ou outros dispositivos de armazenamento
para recuperá-los, mas no próprio corpo, porque estarão eles, literalmente,
incorporados.
Lá, simplesmente lá! Como conceitos pensados e sentidos. E,
por ser uma arte, os conceitos na Educação estarão sempre abertos para um novo
olhar, uma nova percepção, enfim, para o diálogo.