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domingo, 13 de maio de 2012

COMO MEDIR O TRABALHO DOCENTE?


O filósofo Pierre Lévy diz que o virtual não é, ao contrário do que muitos pensam, o oposto ao real. O que se opõe ao real é o potencial. Para ele, o que está no universo do potencial é tudo aquilo que está à espera de uma realização, ou seja, o potencial é formado por algo que já está previamente estabelecido e só lhe resta a realização.
Já o que está no universo do virtual permite a atualização. É algo que se abre para o diálogo, que permite a participação dos sujeitos envolvidos.



Só se pode medir – e portanto remunerar – legitimamente um trabalho por hora quando se trata de uma força de trabalho-potencial (já determinado, pura execução) que se realiza. Um saber alimentado, uma competência virtual que se atualiza, é uma resolução inventiva de um problema de uma situação nova. Como avaliar a reserva de inteligência? (LÉVY, 1996, p.61).

Portanto, pensar que o professor deve receber tão exclusivamente pelo trabalho realizado em sala de aula, medido por hora, é deixar de reconhecer que o trabalho intelectual não pode ser medido por um relógio. Claro que esta não é uma afirmação de Pierre Lévy, mas é uma leitura que se pode fazer do que ele pensa. A não ser, é claro, para aqueles que pensam que ler é somente juntar sílabas. Aí, neste caso, pode-se dizer que Pierre Lévy nunca falou isto.
Tem mais uma importante afirmação de Lévy que corrobora com este pensamento:

“O salário remunerava o potencial, os novos contratos de trabalho recompensam o atual. Na economia do futuro, as sociedades bem-sucedidas reconhecerão e alimentarão em prioridade o virtual e seus portadores vivos” (LÉVY, 1996, p.61).

LÉVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo: Ed. 34, 1996.