O filósofo Pierre Lévy diz que o virtual não é, ao contrário
do que muitos pensam, o oposto ao real. O que se opõe ao real é o potencial.
Para ele, o que está no universo do potencial é tudo aquilo que está à espera
de uma realização, ou seja, o potencial é formado por algo que já está previamente
estabelecido e só lhe resta a realização.
Já o que está no universo do virtual permite a atualização.
É algo que se abre para o diálogo, que permite a participação dos sujeitos
envolvidos.
Portanto, pensar que o professor deve receber tão
exclusivamente pelo trabalho realizado em sala de aula, medido por hora, é
deixar de reconhecer que o trabalho intelectual não pode ser medido por um
relógio. Claro que esta não é uma afirmação de Pierre Lévy, mas é uma leitura
que se pode fazer do que ele pensa. A não ser, é claro, para aqueles que pensam
que ler é somente juntar sílabas. Aí, neste caso, pode-se dizer que Pierre Lévy
nunca falou isto.
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Só se pode medir – e portanto remunerar – legitimamente um
trabalho por hora quando se trata de uma força de trabalho-potencial (já
determinado, pura execução) que se realiza. Um saber alimentado, uma
competência virtual que se atualiza, é uma resolução inventiva de um problema
de uma situação nova. Como avaliar a reserva de inteligência? (LÉVY, 1996,
p.61).
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Tem mais uma importante afirmação de Lévy que corrobora com
este pensamento:
“O salário remunerava o potencial, os novos contratos de
trabalho recompensam o atual. Na economia do futuro, as sociedades
bem-sucedidas reconhecerão e alimentarão em prioridade o virtual e seus
portadores vivos” (LÉVY, 1996, p.61).
LÉVY, Pierre. O que é virtual? São Paulo: Ed. 34, 1996.
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