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quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Zaia Brandão e Luis Carlos de Menezes debatem Educação


Hoje, 23/12/2010, o Jornal das Dez da Globo News, promoveu um debate sobre os desafios da Educação no governo Dilma. Considerei um presente de Natal o excelente debate nos quais os convidados foram a Zaia Brandão e o Luis Carlos de Menezes.

Faço uma tentativa de transcrever os principais apontamentos realizados pelos debatedores, mesmo sabendo do risco de ter ouvido e/ou interpretado de forma equivocada. Os títulos são por minha conta, objetivando destacar aspectos mais importantes do que foi dito.

ZAIA BRANDÃO:


Alfabetização como processo contínuo


O processo de alfabetização é contínuo, não termina no terceiro ano. Houve a inclusão de muita gente que era excluída, mas que chega na oitava série sem dominar a linguagem.

A carreira docente precisa ser atrativa


Um dos desafios é tornar a carreira docente atrativa para aqueles que obtiveram uma boa escolaridade. Muitos alunos que vão para os cursos de pedagogia vão por exclusão. Além disto, depois de ter acesso à faculdade, alguns tentam uma transferência interna. Enquanto a gente não tiver na docência uma carreira atraente, será impossível pensar em qualidade na Educação brasileira.

Necessidades a serem atendidas


Nós precisamos de professores melhores qualificados. Falta sim infraestrutura, falta a possibilidade de trabalho de equipe, porque isto produz qualidade. Nós precisamos focar naquilo que é essencial, que são as linguagens: o domínio da língua portuguesa, da matemática, das artes. Eu tenho uma perspectiva que o problema principal não é a falta de recursos. O problema maior é a aplicação dos recursos.

Foco no ensino fundamental


Continuo a enfatizar que falta professores mais qualificados (significa aqueles professores que tiveram um bom ensino fundamental). Não adianta alçar o professor para o ensino superior se o que ele teve na base foi precário. A gente tem de recuperar no professor até mesmo o domínio da escrita. Enquanto a gente não investir no alicerce da educação que é o ensino fundamental, a gente não vai resolver o problema.

Depois de tanto tempo na educação e fazendo pesquisa, eu estou um pouco cansada de ouvir de falar de metas e elas não serem alcançadas. Há muito tempo já se sabe que é preciso investir na formação do professor. Isto já se falava há trinta anos. Os professores nossos estão profundamente desmotivados, porque as escolas não têm infraestrutura, não têm supervisão.

O que eu queria é mais foco na Educação fundamental.



LUIS CARLOS DE MENEZES:


Levar professores mais qualificados para o ensino fundamental


É preciso fixar o professor mais qualificado no ensino fundamental para que ele não migre para outras áreas. Houve uma ampliação das universidades públicas, mas é preciso valorizar a formação docente. É preciso o reforço nas licenciaturas.

Professor não é “dador” de aulas, nem taxista


A escola tem de ser um ambiente de cultura. O professor não pode ser um dador de aulas. Ele não pode ser como um taxista que vai de uma escola a outra. Ele precisa vivenciar o projeto pedagógico da escola. Só se vai fixar esta qualidade na escola se o professor tiver uma carreira na escola.

Falta articulação


As secretarias de ensino superior e ensino básico precisam se articular, para formar uma política em conjunto para dar um salto de qualidade. Alguns gargalos são mais reconhecíveis: por exemplo, quando eu falo que o ensino médio enfrenta uma crise de identidade, é porque tem um mosaico de disciplinas que nem o aluno sabe porque estuda nem o professor sabe porque ensina determinado conteúdo.

Não há como ser formador sem formação


Não podemos ter um formador de cultura, que é o professor, sem vida cultural. O professor sem vivência das ciências não tem condições de ensinar ciências. Ele não vai passar um tempo na faculdade, em sua formação e depois passar a vida inteira apenas entregando o que ele aprendeu. Hoje temos alunos na oitava série com conhecimentos que seriam desejados na quarta série. O domínio de linguagens tem a ver com essa vivência cultural mais ampla.

Esperança de melhor qualidade na Educação


Eu acho que a gente vai fazer um salto de qualidade, porque a educação virou notícia. Ela há muito tempo não foi notícia nem programa de governo. Além disto, a tradição de avaliação criada na última década não existia anteriormente.

A modernização da economia brasileira está mostrando que uma pessoa sem formação escolar está excluída. A modernização impõe para quem quer ter melhores condições de vida, uma Educação.

Um comentário:

Patricia disse...

Eli, tudo que nós comentamos não é mesmo? Como um professor pode ser especialista no seu assunto se nem livro ele consegue comprar e não há nenhum incentivo ao professor para que ele compre um livro científico ou de ficção.
Bela resenha.
Um abraço de Minas
Patrícia