Educação a Distância
(EaD), tecnologias na Educação e interfaces EaD-Presencial[1]
Eli Lopes da Silva[2]
Ituporanga, SC. 23 de
julho de 2012.
Educação a distância no plano Municipal de Educação
O termo “Educação a distância”
figura no Plano Nacional de Educação (PNE – 2011/2020) em três metas
diferentes.
Na meta 10, com previsão de
“oferecer, no mínimo, vinte e cinco por cento das matrículas de educação de
jovens e adultos na forma integrada à educação profissional nos anos finais do
ensino fundamental e no ensino médio” (BRASIL, 2010, 12), o termo educação a
distância é destaque em uma das estratégias que é a de “fomentar a integração
da educação de jovens e adultos com a educação profissional, em cursos planejados,
de acordo com as características e especificidades do público da educação de
jovens e adultos, inclusive na modalidade de educação a distância.” (BRASIL,
2010, p.12).
Na meta 11, que é “Duplicar as
matrículas da educação profissional técnica de nível médio, assegurando a
qualidade da oferta”, (BRASIL, 2010, p.13) o termo faz parte da estratégia de
número 11.3, que é “Fomentar a expansão da oferta de educação profissional
técnica de nível médio na modalidade de educação a distância, com a finalidade
de ampliar a oferta e democratizar o acesso à educação profissional pública e
gratuita” (BRASIL, 2010, p.13).
Finalmente, o termo é considerado
também na meta 14, que trata da elevação do número de matrículas em cursos de
pós-graduação stricto sensu, quando
uma das estratégias para o alcance desta meta sugere que se usem metodologias
da educação a distância, via Universidade Aberta do Brasil. (BRASIL, 2010).
Como pensar estas metas em nível
municipal?
Tecnologias na Educação
Belloni (2010) realizou em 2006 uma
pesquisa com 373 crianças do ensino
fundamental e médio, na cidade de Florianópolis e constatou que, embora 73% já tinham
utilizado a internet, apenas 20% disseram ter tido o primeiro acesso na escola.
“Ao contrário dos países ricos, a instituição escolar [no Brasil] desempenha um
papel pífio nesse processo de democratização da internet.” (BELLONI, 2010,
p.84).
Em relação aos docentes, Fantin (2010) entrevistou 80 professores em
Florianópolis, no ano de 2010 e verificou que 95% deles utilizam computador em
suas casas, com acesso à internet, entretanto, 82% disseram que não ter
conhecimento para utilização do computador em sala de aula, como recurso
auxiliar em suas práticas pedagógicas.
Os professores do século XXI
precisam prestar atenção nas mídias como recurso pedagógico e vislumbrar seu
uso. Isto deve ser feito não apenas por modismo, mas porque as tecnologias,
sobretudo digitais, fazem parte do cotidiano de professores e alunos (SILVA,
2012).
Silva e Abrahão (2010), em uma
pesquisa-ação com o uso de Webquest na
prática pedagógica, em Florianópolis, também enfatizam a dificuldade de
conseguir adesão dos professores no uso de tecnologias digitais na educação.
Os professores são convidados, apresentam inicialmente um
interesse grande pelo trabalho que está sendo realizado, entretanto, desistem
de criar Webquest e, sendo assim, o
apoio fica na maioria das vezes apenas no aspecto moral e não na prática.
(SILVA; ABRAHÃO, 2010, p.6).
A televisão ampliou as possibilidades da comunicação
de massa. O tipo de comunicação um para muitos do rádio, passou a ter uma
“cara”.
A internet veio permitir a
comunicação muitos para muitos. Com ela:
A lógica comunicativa se inverte:
a centralidade das mídias é substituída pela centralidade dos sujeitos. São
eles que se tornam protagonistas de um cenário social e cultural caracterizado
por uma multiplicação de telas disponíveis (às telas da televisão se
acrescentam as telas do computador, celular, palmtop, play
station, I-Pod) e pela navegação de uma a outra
dessas telas que são guiadas pelo interesse pessoal e pela necessidade do
momento. (FANTIN; RIVOLTELLA, 2010, p.91).
Possibilidades de uso das tecnologias na educação
As tecnologias, sobretudo as
digitais, já fazem parte do cotidiano de grande parte dos alunos, mas está
longe ainda de serem incorporadas nas práticas pedagógicas dos professores.
Os alunos, além de acessar as
redes sociais (Orkut, Facebook, entre outros), já compartilham documentos no
Google Docs, criam seus próprios blogs, contribuem com a construção de Wikis, publicam
seus vídeos no Youtube, enfim, interagem fora do espaço escolar.
Já não é hora dos professores incorporarem essas tecnologias em suas
práticas pedagógicas, com o objetivo de, além de motivar os alunos, oferecer novas
meias dos quais eles possam se apropriar no processo de ensino e aprendizagem?
Recursos não faltam e a maioria sem
custo: publicação de vídeo no Youtube, escrita colaborativa com o Google Docs,
criação de mapas conceituais com o Cmap Tools, criação e uso de Webquest, o
Portal do Professor no site do MEC, os blogs e tantas outras possibilidades.
Sobre o uso de Blog na prática do
professor, Modolon, Westrup e Bomfim (2012, p.17) argumentam que é “um recurso
que desperta o senso crítico e colaborativo dos usuários na autoria dos textos
e do trabalho colaborativo. Proporciona a construção e reconstrução de novos
saberes”.
Spudeit, Viapiana e Prates (2012)
argumentam em favor do uso de mapas conceituais como forma de conseguir
aprendizagem significativa. Já em relação ao uso de jogos digitais para a
aprendizagem, Jappur et al (2012) usam o conceito de Zona de Desenvolvimento
Proximal proposto por Vygotsky para mostrar como é possível utilizá-los nas
práticas pedagógicas.
Siqueira, Mallmann e Calza (2012)
mostram como é possível utilizar hipertextos para a leitura assimilativa,
enquanto Azevedo e Mendes (2012) apresentam as possibilidades de interatividade
com o uso das redes sociais na prática docente.
Silva, Souza e Corrêa (2010)
afirmam, entretanto, que não se devem utilizar as tecnologias apenas como
modismo e que não dá para confundir entusiasmo com aprendizagem.
Investir tempo em aulas criativas
e mais participativas, com ou seu o uso de tecnologias, dá trabalho, por outro
lado, dá resultados em favor da aprendizagem.
Interfaces entre as modalidades a distância e presencial
O uso das tecnologias digitais em
ambientes EaD, que de certa forma tendem a estender-se à educação presencial,
como recursos que podem ser adotados pelos professores em suas práticas
pedagógicas, ainda mostra-se bastante incipiente. Boa parte dos professores
utiliza slides produzidos em PowerPoint para elaboração de suas aulas, mas,
quando se fala do uso de Objetos de Aprendizagem, uso de Blogs na Educação,
escrita colaborativa (por exemplo com o Google Docs), criação de Podcast, entre
outros, há um número expressivo de professores que ainda desconhecem. Fomentar
o uso destes recursos pelos professores na educação à distância, pode ser uma
estratégica pedagógica de caráter investidor, que fomenta e que apresenta
resultados em favor da aprendizagem dos alunos.
REFERÊNCIAS
AZEVEDO, Josiele Heide; MENDES, Leonor Medeiros.
Experiências de usos das redes sociais no processo de ensino aprendizagem –
Facebook, Orkut, Twitter. In: SILVA, Eli Lopes da. (Org.). Mídia-Educação: tecnologias
digitais na prática do professor. Curitiba: CRV, 2012. p. 117-126.
BELLONI, Maria Luiza. Crianças e
mídias no Brasil: Cenários de mudança. Campinas, SP: Papirus, 2010.
BRASIL. Projeto de lei 8035/2010. Brasília: Câmara dos Deputados, 2010.
Disponível em:
.Acesso em: 07 ago.
2011.
FANTIN, Mônica. Um olhar sobre os
consumos culturais e os usos das mídias na prática docente. In: ENCONTRO DE
PESQUISA E EDUCAÇÃO DA REGIÃO SUL – ANPED SUL, 8., 2010, Londrina. Anais do
VIII Encontro de Pesquisa em Educação da Região Sul. Londrina, PR: Universidade
Estadual de Londrina, 2010. (CDROM).ISSN 2178-0374
FANTIN, Monica; RIVOLTELLA, Pier Cesare. Crianças
na era digital: desafios da comunicação e da educação. REU, Sorocaba, SP, v.
36, n. 1, p. 89-104, jun. 2010.
JAPPUR, Rafael et al. Jogos educativos digitais no
processo ensino-aprendizagem. In: SILVA, Eli Lopes da. (Org.). Mídia-Educação: tecnologias
digitais na prática do professor. Curitiba: CRV, 2012. p. 61-82.
MODOLON, Joice Rodrigues; WESTRUP, Maiara de Lima
Machado; BOMFIM, Renata Albino Antonio. Blog, Podcast e Youtube no processo de
ensino e aprendizagem. In: SILVA, Eli Lopes da. (Org.). Mídia-Educação: tecnologias
digitais na prática do professor. Curitiba: CRV, 2012. p. 15-34.
SILVA, Eli Lopes da. Mídia-Educação: tecnologias
digitais na prática do professor. Curitiba: CRV, 2012.
SILVA, Eli Lopes da;
ABRAHÃO, Alessandro de Matos. Webquest e prática pedagógica: construção e uso
de uma ferramenta para publicação. In: Anais do V Congresso Nacional de
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Católica de Pelotas, Universidade Federal de Santa Catarina, Universidade
Federal de Pelotas, 2010. (CDROM). ISBN 978.85.60522.620.
SILVA, Eli Lopes da; SOUZA, Diney
Domingos de; CORRÊA, Alexandre Bastos. Construção, uso e avaliação de uma
plataforma para Webquest baseada no
Joomla: pesquisa-ação na Faculdade de Tecnologia Senai Florianópolis. In:
COLÓQUIO NACIONAL DE PESQUISA EM EDUCAÇÃO, 7., 2000, Belo Horizonte. Anais do
VII Colóquio Nacional de Pesquisa em Educação. São João Del Rei, MG: Editora
UFSJ, 2010. ISBN 978-85-88414-60-0.
SIQUEIRA, Andrea Rodrigues; MALLMANN, Ivone Maria;
CALZA, Rosangela. Hipertexto na prática pedagógica: uma leitura efetiva. In:
SILVA, Eli Lopes da. (Org.). Mídia-Educação: tecnologias digitais na prática do
professor. Curitiba: CRV, 2012. p. 83-104.
SPUDEIT, Daniela; VIAPIANA, Noeli; PRATES, Emerson.
A utilização de mapas conceituais como instrumentos no desenvolvimento de
competências em informação. In: SILVA, Eli Lopes da. (Org.). Mídia-Educação: tecnologias
digitais na prática do professor. Curitiba: CRV, 2012. p. 35-60.
[1]
Para referenciar este texto:
SILVA, Eli Lopes da. Educação a Distância (EaD), tecnologias
na Educação e interfaces EaD-Presencial. (2012). Disponível em:
. Acesso em: 23 jul. 2012.
[2]
Mestre em Educação (PUC Minas); Bacharel em Ciências da Computação (PUC Minas).
Atualmente é professor da Faculdade de Tecnologia Senac Florianópolis, editor
científico da NAVUS – Revista de Gestão e Tecnologia (www.navus.sc.senac.br) e aluno de
doutorado em Educação na linha de pesquisa Educação e Comunicação na
Universidade Federal de Santa Catarina.
Um comentário:
Óla , tudo bem?
gostaria de saber se tem um e-mail onde eu possa mandar divulgação de palestras sobre educação e educação a distância?
email: redacao2@basicacomnicacao.com.br
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